Polícia resgata mulher mantida em cárcere privado por mais de 10 anos pelo próprio marido no Paraná

Polícia prende homem que mantinha companheira isolada e sob controle psicológico; vítima apresentava sinais de confusão mental

Doce veneno Blog
Polícia resgata mulher mantida em cárcere privado por mais de 10 anos pelo próprio marido no Paraná Casa em que a mulher vivia, em Paranaguá, era pequena e não tinha água encanada ou sanitário. 📷 Crédito: Ana Zampier / RPC

Polícia Civil resgata mulher mantida há mais de 10 anos em cárcere privado pelo companheiro em Paranaguá. Suspeito foi preso em flagrante.




Polícia Civil resgata vítima de cárcere privado no litoral do Paraná


Uma mulher de 36 anos foi resgatada pela Polícia Civil do Paraná (PC-PR) após ser mantida em cárcere privado por mais de uma década pelo próprio companheiro, em Paranaguá, no litoral do estado. A ação ocorreu na terça-feira (2), após uma denúncia feita pela mãe da vítima.


O suspeito, de 66 anos, foi preso em flagrante no local. Segundo a polícia, ele criava cenários fictícios e ameaçadores para manter a mulher sob constante medo, fazendo com que ela acreditasse que sair de casa representava risco de morte.




Vítima vivia isolada e sob domínio psicológico, diz delegada


De acordo com a delegada Maluhá Soares, responsável pela investigação, a mulher apresentava fortes sinais de abalo psicológico, confusão mental e não conseguia distinguir tempo e espaço. Ao ser abordada pelos policiais, demonstrava medo extremo de sair de casa.


“O que se percebe é um controle psicológico muito grande. O companheiro incutiu medos irreais na mente dela, como o risco de ser presa ou morta por causa de documentos irregulares. Ela acabou acreditando nessas histórias”, explicou a delegada.


Durante o depoimento, o suspeito admitiu que inventou essas ameaças e confirmou que a mulher não saía desacompanhada, pois ele dizia ser “perigoso”.




Casa sem estrutura e sem acesso à família


A vítima vivia em condições precárias, em uma casa de apenas dois cômodos, sem água encanada nem banheiro, e com baldes para armazenar água. Os vizinhos relataram nunca ter visto a mulher, o que reforça o grau de isolamento ao qual ela foi submetida.


Conforme a polícia, durante os anos em que viveu sob esse controle, a família foi impedida de manter contato. A mãe da vítima tentou visitá-la diversas vezes, mas era barrada pelo suspeito. Em algumas ocasiões, a própria filha — possivelmente sob coação emocional — recusava visitas, dizendo não reconhecer a mãe e pedindo que ela fosse embora, se comunicando apenas por uma pequena janela.




Delegada aponta dependência emocional e manipulação prolongada


A mulher foi submetida a atendimento psicológico e, segundo os profissionais, apresenta um forte vínculo de dependência emocional com o suspeito. Ela precisava de permissão para qualquer atividade, inclusive para sair de casa — o que só ocorria sob a presença dele.


“Ela realmente acreditava que, se saísse de casa, algo ruim aconteceria. Isso demonstra o nível de violência psicológica e manipulação ao qual ela foi exposta por anos”, reforça a delegada Maluhá Soares.




Suspeito nega cárcere, mas foi indiciado; pena pode chegar a cinco anos


A defesa do suspeito, feita pelo advogado Luiz Illipronte, afirmou que “o casal vivia em comunhão” e que “a decisão de sair ou não de casa era conjunta”. Apesar da alegação, o homem foi indiciado por cárcere privado qualificado, já que a vítima era sua companheira — o que pode agravar a pena, que varia de 2 a 5 anos de reclusão.


A investigação segue em andamento e o caso pode ser enquadrado em outras tipificações penais, conforme evolução dos laudos e dos depoimentos colhidos.




Conclusão: violência psicológica também é cárcere


O caso em Paranaguá evidencia como o cárcere privado nem sempre envolve correntes ou trancas, mas pode se manifestar por meio de manipulação emocional, isolamento social e controle psicológico extremo. A atuação rápida da Polícia Civil e a coragem da mãe em denunciar foram fundamentais para interromper anos de sofrimento silencioso.


Mais do que denunciar, é essencial reconhecer os sinais de relacionamentos abusivos, que nem sempre são visíveis, mas deixam marcas profundas. A alfabetização emocional e a rede de apoio são ferramentas indispensáveis para salvar vidas.






Você acredita que a sociedade está preparada para identificar e combater casos de cárcere psicológico e dependência emocional?




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