Paraná pode virar destino de refugiados após acordo entre Paraguai e EUA sobre asilo, dizem especialistas
Acordo de Terceiro País Seguro pode impulsionar fluxo migratório por Foz do Iguaçu, alerta internacionalista; Brasil precisa se preparar para resposta coordenada

Paraguai assinou acordo com os EUA para processar pedidos de asilo em seu território. Especialistas alertam que o Paraná pode ser rota de refugiados.
O Paraguai firmou um acordo com os Estados Unidos em agosto para atuar como Terceiro País Seguro (STCA), onde solicitantes de asilo nos EUA poderão apresentar pedidos enquanto permanecem no país paraguaio. Essa iniciativa pode gerar reflexos diretos na fronteira com o Brasil, especialmente no Paraná. Tomaz Espósito, internacionalista e doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP, aponta que muitos refugiados podem ser direcionados a atravessar a Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu, caso seus pedidos nos Estados Unidos sejam negados.
O que diz o acordo?
O memorando, assinado em 14 de agosto, permite que pessoas que buscam refúgio nos EUA façam este pedido no Paraguai Instagram+10Metrópoles+10UOL Notícias+10. Em cerimônia oficial, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, destacou que o Paraguai é um “grande aliado” e que o pacto visa prevenir a imigração ilegal, dividindo o “encargo” do sistema de asilo americano The Asunción Times+4UOL Notícias+4Metrópoles+4.
Embora os termos exatos ainda não tenham sido divulgados, o acordo representa uma expansão da cooperação bilateral com foco em segurança, comércio e investimentos The Asunción Times+5CiberCuba+5UOL Notícias+5.
Impacto esperado na fronteira brasileira
Tomaz Espósito alerta que muitos refugiados podem chegar a Ciudad del Este, ter seu pedido de asilo americanop rejeitado e buscar abrigo no Brasil via Ponte da Amizade. Isso exige uma resposta integrada e baseada em direitos humanos por parte do governo brasileiro.
Eric Cardin, antropólogo e pesquisador em migrações, acrescenta que municípios como Foz do Iguaçu, Guaíra e Ponta Porã podem se tornar rotas quase inevitáveis para migrantes. Destaca que Foz tem melhor estrutura para lidar com a chegada desses grupos, embora ainda seja preciso reforçar a rede de proteção Wikipédia.
Desafios e falta de transparência
O documento firmado não passou pelo Congresso paraguaio, o que impede o acesso público ao texto. Segundo o pesquisador Aníbal Orué Pozzo, isso é preocupante, já que envolve obrigações e custos para o Paraguai UOL Notícias+1.
Espósito ressalta ainda que os detalhes sobre quantos serão afetados e suas nacionalidades não foram mencionados — fatores fundamentais para planejar a mobilização humanitária Tribuna OrinocoGazeta do Povo.
Réguas legais e observações internacionais
O ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) lembra que esse tipo de transferência — se realizada — deve respeitar critérios rigorosos: acesso a procedimento justo, avaliações individuais e garantia de direitos humanos. A agência oferece orientação jurídica aos Estados, enfatizando que a medida deve ser parte de uma estratégia de compartilhamento de responsabilidades, não de deslocamento coercitivo en.wikipedia.orgThe Asunción Times.
O acordo entre Paraguai e EUA representa uma nova fase na migração regional e pode transformar o Paraná em rota crítica para refugiados. O Brasil, especialmente o estado do Paraná, precisa monitorar de perto essa dinâmica e agir de forma articulada, respeitando os direitos humanos e garantindo acolhimento digno.
Você acha que o Brasil (e especialmente o Paraná) está preparado para lidar com o possível aumento de demanda migratória decorrente desse acordo?
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